segunda-feira, 4 de abril de 2011

SOM AUTOMOTIVO

fonte das imagens: www.google.com.br
        O filho do meu vizinho, disse-me Riba Mearim ontem, que sempre foi um cara bacana, é meu amigo. Ou era até eu lhe pedir para abaixar o volume do som da sua picape novinha, comprada com o fim exclusivo de transportar algumas centenas de quilos de equipamento sonoro ambulante. Garoto bom; estudioso, gente boa... Mas depois que o cara passou num concurso federal e resolveu investir o seu salário na montagem do melhor carro de som da cidade, eu, minha família, e os meus outros vizinhos perdemos o sossego. Sabe o que me disse a mãe quando conversei com os pais dele? “Seu Riba, deixe de despeito; só porque os seus filhos não atingiram o mesmo sucesso dos meus, não é motivo para você implicar com o Eduardinho. Inveja mata, sabia?”
       Agora veja, meu amigo, continuou Riba Mearim exasperado, o E-d-u-a-r-d-i-n-h-o estaciona o carro dele na frente da casa (ao lado da minha), liga som na maior altura do mundo durante horas seguidas, com um repertório invariável e repetido, não permitindo que as pessoas da vizinhança consiga ler um livro, ouvir o som da TV, ou escutar a musiquinha predileta no som doméstico, e mãe do cara ainda acha que eu sou despeitado; é mole?! E invejoso, lembrei ele, só para dar mais pilha.
        E tem mais: seu Eduardo, o pai, também acha que o filhinho está com toda a razão: “comprou e pagou, não deve nada a ninguém”. Pois eles pensam assim mesmo. Quem reclama de som automotivo é porque tem problemas, vive infeliz, não tolera a felicidade dos outros. Se o reclamante incomodado é pobre, é porque o coitado é recalcado por não ter grana para comprar um equipamento igual; se é rico ou uma autoridade, como um policial, delegado, juiz, etc., é porque querem ser donos do mundo, são tão autoritários que costumam se meter até mesmo no gosto musical das pessoas; se é casado(a), é consequencia de problemas conjugais; se é solteiro, é porque o(a) rejeitado(a) não está em dia com as atividades sexuais. E assim por diante. O que você acha?
        Eu já dei a minha opinião ao meu amigo Riba Mearim, que foi a de procurar a polícia, já que ele tentou resolver a questão com  uma conversa amigável, mas não conseguiu. Agora repasso a pergunta dele: o que você acha?