sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

COISAS DE JUDOCA



O meu amigo Riba Mearim é judoca. Vivia me convidando para ir à academia dele. Queria que eu visse um treino de judô, que segundo ele, é uma coisa maravilhosa. Como não sou chegado a essas coisas de esporte, resisti bastante. Um dia, porém, depois de tanto ele insistir, fui conferir essa maravilha de que tanto ele falava. Fui. Mas só fui porque pensei logo nas gatas que eu poderia ver. Imaginei um monte de mulheres lindas, suadas, de roupas de ginástica coladinhas... Isso, sim, é maravilhoso!

Que decepção!

Quando lá cheguei, me deparei com um monte de malucos. Em vez de modelitos  de ginástica, todos vestiam umas roupas doidas, tipo pijama, brancas ou azuis. Lá eles só usam essas duas cores. Sabe-se lá!

A academia funciona numa casa comum adaptada. Tem um monte fotografias nas paredes. Há troféus e medalhas por tudo quanto é lugar. Pelo que pude perceber, eles têm muito orgulho daquele monte de quinquilharias. Vai entender, né?

Me chamou atenção a foto de um japonês que eles se ajoelham, sei lá... Parece que pedem a benção dele, coisa muito esquisita, viu?

Aí começou o bendito treino que o meu amigo tanto insistiu para eu ver. Começaram fazendo tanto exercício físico, que só de ver, a gente fica exausto. Verdade... Coisa de doido, mesmo!

E a doidice é ainda maior porque é tudo junto e misturado. É gente de todas as idades. São homens, mulheres, meninos, meninas...

Fonte:
 

Então um cara que eles chamam de sonsei, sansei, sei lá!... Fica falando umas palavras esquisitas em japonês. Aí todos se agarram, se puxam, se empurram, e por fim, jogam um ao outro no chão com a maior violência. E parece que eles gostam muito, porque logo que caem, levantam-se rapidamente para serem novamente derrubados. Cara, é insano! Só vendo!

Só de lembrar meu corpo fica todo doído. Coisa de louco, rapaz!...

Puxei conversa com um cara que estava lá assistindo ao t-r-e-i-n-o. Ele me falou que também fazia aquelas maluquices. Eu disse pra mim: outro doido! Perguntei-lhe por que ele não estava se agarrando com os outros. Sabe o que ele me disse? Que estava se recuperando de uma lesão. Aí eu pensei: claro, né? Desse jeito, quem é que aguenta tanto tempo sadio?

Aí ele foi me contando... Disse que tinha ido a São Paulo e lá, numa competição, quebrou o ombro. Então o lesionado começou me explicar como tinha sido, mas eu não queria deixar. Tu é doido, cara!

Mas ele insistiu. Acabei cedendo... Sabe como é, né? Eu era visitante. Fiz cara de interessado, e ele me contou que já tinha quebrado os braços, que os joelhos dele são estourados, que já fez cirurgia nos dois tornozelos... Só não contou mais doidices porque eu meti outra conversa. Tu é doido, rapaz! Mas você precisava ver a felicidade do cara me contando essas coisas... Como é pode, né? É impressionante...

Outra coisa que ele fez questão de me dizer: que ele é faixa preta. Parece que ser faixa preta por lá é algo muito importante. Ele me falava de uma forma especial que denotava todo o orgulho que sentia. Percebi que a briga lá é pra conseguir essa tal faixa preta, porque aí eles são tratados de sonsei, sansei...
Fonte:

E eles usam essas palavras japonesas o tempo todo. Fiquei pensando: ma’rapaz, nós não somos brasileiros? Não moramos no Brasil? Por que então ficar falando uma língua dos outros? Camões deve se revirar no túmulo... Machado de Assis, coitado... Tanto que trabalharam em prol da nossa língua, do nosso Português. Com certeza, não iriam gostar de ver esses caras andarem por aí tirando onda de japonês....

Depois disso, comecei a observar que tá cheio desses malucos por aí. Tem academia de judô por tudo quanto é lugar. Não entendo isso, cara! A que eu fui, chama-se Monte Branco. Monte Branco!... Já pensou? Nem procurei saber o porquê desse nome. Tu é doido?! Deve ser mais uma esquisitice.

Essa tal Monte Branco fica lá no Residencial Pinheiros. Se você também quer ver essas doidices, vai lá! Veja com seus próprios olhos... Me diz depois se eu estou exagerando.
Endereço da Academia Monte Branco de Judô