Fonte:Google Earth |
As fotos acima mostram o prédio do
C.E. Castelo Branco, localizado em frente a Loja Maçônica, na Rua Alagoas,
bairro Juçara, em Imperatriz-MA. No ano de 1975 era a sede do Colégio Dorgival
Pinheiro de Souza. Naquele ano eu fazia a 6ª série do ginásio, cuja sala ficava
no lado sul do prédio. No lado norte, ficavam as salas da 7ª e 8ª séries. Quase
não ia para aquele lado, primeiro porque era tímido e segundo porque lá os
estudantes maiores, chamados rapazes, não eram lá muito amistosos com os da
minha idade. Aqueles caras já usavam calças boca de sino e eram cabeludos,
coisas que os alunos da 5ª e 6ª séries ainda ousavam usar. O que era uma pena
pois as meninas gostavam de estar em volta de quem já enfrentava os pais e a
sociedade com usos e comportamentos ousados. No meio deles havia um carinha que
empunhava um violão. Tinha os olhos claros, cabelos alourados, longos e encaracolados,
tocava e cantava os sucessos que as meninas, como mariposas em volta luz,
adoravam. Era o Nenem, que depois virou o Nenem Bragança.
Naquela época, os órgãos públicos
exigiam atestado para quase tudo. Um sujeito precisava atestar a boa conduta, a
pobreza, e a própria vida. Seguindo o clima de atesta isso, atesta aquilo,
imaginei este atestado: “atesto para os devidos fins que o senhor Raimundo
Nunes da Luz Pereira jamais deixou o seu ‘coração perder a luz’. Luz contida
até mesmo no seu nome. Ademais, diante das vicissitudes da vida, nunca
esmoreceu, chegando a pedir a Deus que o deixasse ‘ficar mais uns dias’ para
que a paixão de cantar pudesse continuar a brotar do peito como ‘água cristalina’ em
vigorosa e melodiosa voz. Foi ‘Prata da Casa’, mas ao contrário do que
escreveu, foi santo com ‘milagre e altar’. Os altares foram os palcos onde se
apresentou, e fez o milagre de trazer alegria e encanto aos que o ouviam nas
suas apresentações com o nome artístico Nenem Bragança”.
Nenem Bragança ficou conhecido como
papa festivais. Mas é provável que os seus admiradores associem a sua imagem,
voz e interpretação à canção Ave de
arribação, composta por Javier Di Mayabá. Se Nenem fosse uma ave, seria
canora. Isso mesmo: Nenem Bragança, uma ave canora de arribação. É sabido que
as aves, para fugirem do frio do inverno, migram para lugares mais quentes. Não
é o caso da Região Tocantina, de clima quase constante, onde ele vivia. Se
migrava, arribava à procura do aplauso e da admiração das plateias da terra que
escolhera para viver.
Fonte: google.com.br |
A última vez que vi uma apresentação
de Nenem foi 2012 numa pizzaria em Imperatriz. Naquela ocasião eu vislumbrei o
mesmo garoto com quem estudei no Colégio Dorgival Pinheiro de Sousa entre os
anos de 1975 a 1977, no prédio da Rua Alagoas. Como não fui íntimo do Nenem, não sei se ele era ou não um aluno estudioso. Só sei dizer que naquela
época, liderava, nas atividades de recreação, um grupo garotos entre os quais:
Célio, Fiim e Batista. Mas eram as meninas que arribavam na direção da luz que
já brilhava no seu coração, espalhando-se em forma de música pela voz grave e
marcante. Foram elas, as meninas, que o ensinaram a arribar continuamente, como
a cumprir o que diz a canção de Milton Nascimento: “todo artista tem de ir
aonde o povo está.”
Cito, para registro, alguns nomes que
ainda me lembro: Diretor Salustiano, Professora Marilena, Professores Cabo Edilson,
Soldado Silva. Alunos: Dórmia, Tânia, Neide, Nilva Fernandes, Dircilene, minha irmã Diana, João Filho, Nonato,
Isaías, Deusimar Lopes, irmãos Neres.
Fonte: www.youtube.com/watch?v=wV-scZo-3ug |
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